O que é
Projeto Político Pedagógico da escola? Alguma vez você já se
deparou com essa pergunta? Como você a responderia? Aprendeu na
Faculdade de Pedagogia? Você conhece o Projeto Político Pedagógico
de sua escola? Participou de sua elaboração?
O Projeto
Político Pedagógico da escola, mais conhecido como PPP, pode ser
denominado de Projeto Pedagógico, Projeto da escola, entre outras
coisas. Qualquer que seja a denominação, está implícita na ideia
de projeto a ação de planejar, buscar um rumo, uma direção de
forma intencional.
A
dimensão política traduz pensamento e ação: exprime uma visão de
mundo, de sociedade, de educação, de profissional e de aluno/a que
se deseja. Tomar decisões, fazer escolhas e executar ações são
atos políticos. Dependendo da concepção de Educação e Sociedade
que se tem, é que se tomam decisões na escola. Toda decisão tem
por trás uma concepção, não existe esse “papo” de que escola
é neutra. Portanto, um Projeto Pedagógico é sempre Político,
mesmo que a palavra não apareça.
Fala-se
em dimensão pedagógica porque nela está a possibilidade de tornar
real a intenção da escola, ação para cumprimento de propósitos
que passam pela formação do ser humano participativo,
compromissado, crítico e criativo. Que ser humano queremos formar é
a primeira questão a se fazer.
A
elaboração de um Projeto Político Pedagógico envolve a busca de
autoconhecimento e de conhecimento da realidade e seu contexto.
Planejá-lo requer encontrar no coletivo da escola respostas a uma
série de questionamentos: Para quê estamos aqui? O quê queremos
alcançar? O que desejamos para nossos/as alunos/as? Quais ações
são necessárias para alcançar aquilo que queremos? Quando? Como?
Com o quê? Por quê? Com quem?
A
construção do Projeto político pedagógico é a forma objetiva da
escola dar sentido ao seu saber fazer enquanto instituição escolar:
é a realização concreta de seus sonhos e como já dizia Moacir
Gadotti, “não devemos renunciar ao nosso sonho de grande mudança,
não devemos jogar no lixo nossa utopia revolucionária”.
E falando
em Moacir Gadotti, em seu texto “O projeto político pedagógico
da escola na perspectiva de uma educação para a cidadania”, o
autor coloca uma série de questões importantes para pensarmos a
elaboração do projeto da escola. Entre elas a de que a construção
do Projeto da escola representa um desafio para todos/as os/as
educadores/as. Isto porque não se constrói um projeto sozinho,
projeto da escola deve ser coletivo, envolve conhecimento da
comunidade, do contexto, dos/das alunos/as, da sociedade
contemporânea, clareza da função da escola no mundo contemporâneo,
e um grupo comprometido. Uma gestão escolar comprometida com os/as
filhos/as de trabalhadores/as que estão na escola, comprometida com
a construção de um mundo melhor.
Tenho
conversado com muitos/as professores/as em diversas formações que
realizo e fico muito preocupada quando ouço da maioria deles/as que
não conhecem o Projeto da escola, que sabem que é um papel quase
“sacralizado” guardado na direção ou coordenação, que não
participaram de sua elaboração... isso também revela uma concepção
de Educação. Bem autoritária, por sinal. Projeto Pedagógico da
escola não é aquela pasta organizada com tabelas de funcionários e
histórico da escola...estou falando de coisa bem diferente. Claro
que sabemos que há a parte burocrática, as escolas devem entregar
um “Plano Escolar”, o que deve constar nele varia de secretaria
de educação pra secretaria de educação, mas ele não é um
Projeto Político Pedagógico.
Projeto
Político Pedagógico tem vida. Acontece, é flexível de acordo com
as necessidades, muda às vezes. Outras não. Outras vezes muda
algumas coisas apenas. Mas ele representa uma reflexão sobre a
prática com olhos no futuro. Visando o sucesso dos/das alunos/as e
da comunidade como um todo. Precisa de gente que goste de Educação.
Como diria Hanna Arendt, de gente que ame o mundo de tal forma que se
responsabilize por ele, o trazendo para as novas gerações, que, ao
deparar-se com ele, também traz o novo, cria.
Outro
fator relevante na construção de um PPP é o fato de que, segundo,
Gadotti “cada escola é resultado de um processo de desenvolvimento
de suas próprias contradições”, ou seja, não há dois Projetos
iguais, não há receitas, cada escola elabora seu projeto e o coloca
em prática. A pluralidade de projetos pedagógicos faz parte da
história da educação da nossa época. Por isso não deve existir
um padrão único que oriente a escolha dos projetos de nossas
escolas. O projeto da escola depende sobretudo da ousadia dos
seus agentes, da ousadia de cada escola em assumir-se como tal,
partindo da cara que tem, com o seu cotidiano e seu tempo-espaço,
assumindo erros e os entendendo como parte do processo, construindo
junto, refletindo sobre o currículo, as ações, as aulas...
Para
finalizar essa primeira parte de nossa discussão sobre PPP, peço à
vocês que respondam às perguntas: a escola onde trabalho tem um
Projeto Político pedagógico? Eu o conheço? As minhas ações como
educador/a refletem o que se quer alcançar a partir dele? Eu
participei de sua elaboração? Conto com as respostas de vocês aqui
nos comentários. Volto em breve para conversar com vocês a respeito
e contar uma experiência muito rica que tivemos na elaboração de
um PPP em uma escola municipal de São Paulo.
Até
breve!
Edna
Telles