domingo, 26 de fevereiro de 2012

Ensino e aprendizagem: aproximações com a diversidade


"A escola nos interessa porque nela há uma contradição.
Uma contradição que se potencializa com a presença das classes
populares, as quais, como nunca antes, nela estiveram.
E se as camadas populares estão na escola, há conflito, há contradição.
E porque elas estão na escola, mais ainda que ela nos interessa.
Então, a escola, apesar de ter toda essa determinação, é também um
lugar contraditório. Contraditório no sentido de que há perspectivas, de
que há interesses diversos dentro dela e nós podemos escolher de que
lado estarmos."
LUIZ CARLOS DE FREITAS

Pensando aqui em todos os desafios que temos na escola em relação ao trabalho com a diversidade, e como dito em escritos anteriores, ela aparece em diversas vertentes, minhas reflexões voltaram-se para a questão do ensino e aprendizagem em sala de aula, ou na aula, como queiram. Pensar ensino e aprendizagem envolve uma série de outros assuntos e conceitos que estão interligados, como currículo, metodologia, gestão de tempo e espaços, formação, entre outros. Penso que, em meio a tudo isso, temos diante de nós os/as alunos/as: pessoas diferentes entre si, com costumes diferentes, culturas diferentes, valores diferentes e características diferentes, inclusive formas de aprender diferentes. Mas parece que esquece-se de tudo isso. Porque a escola ainda trabalha organizada da mesma forma que em seus primórdios, onde ela era para uns poucos da elite. Se as pessoas aprendem de formas diferentes (e isso daria teses e teses a respeito dessas formas), nada mais adequado do que trabalhar com formas diferentes de ensinar uma mesma classe. O que isso significa? Diversificar o trabalho com os conteúdos, tentando conhecer os/as alunos/as, sabendo de suas necessidades específicas, procurando descobrir suas potencialidades e trabalhando-as, de forma que possam mostrar essas potencialidades, trabalhando em grupos, em duplas, em situações aonde eles/as possam trabalhar colaborativamente e socializar o que eles/as aprenderam com os/as outros/as. O trabalho dentro da perspectiva de uma Educação Inclusiva é desenvolvido com base no conhecimento que tem sobre os/as alunos/as (quem são, suas características, preferências, dia-a-dia, necessidades, potencialidades, entre outros) e na gestão desse grupo, de forma que o que seja feito caminhe na direção da construção coletiva de conhecimento. Isso se faz muito em classes de alfabetização onde se trabalha com a diversidade das hipóteses de escrita das crianças: conhece-se como cada criança entende o funcionamento da escrita e, trabalha-se com o que denominamos de “agrupamentos produtivos”. Que é simplesmente colocar as crianças com níveis de entendimento diferentes, porém aproximados para desenvolverem atividades juntas, discutindo entre si, levantando hipóteses, confrontando o que pensam a partir de desafios propostos pelo/a professor/a, que lança questões e faz intervenções pontuais de acordo com a necessidade de cada grupo, trabalhando assim, com a zona de desenvolvimento proximal, como proposta por Vigotsky. Isso, creio eu, pode ser estendido para outras atividades nas diferentes disciplinas e projetos desenvolvidos. Porém, trabalhar dessa forma exige um olhar mais aprofundado sobre os/as alunos/as e disposição para a mudança. Mas é preciso mudar, pois a escola não tem dado conta dessa diversidade de aprendizagens. E você, como organiza seu trabalho em sala de aula? Consegue – de fato – incluir seus/suas alunos/as? Reflita. Faz parte do trabalho. Até a próxima.

Obs. A imagem exibida acima foi retirada do site: http://luciameyer.blogspot.com/2010/06/escala-cuisenaire.html (acesso em 26/02/2012)