segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Um blog dedicado à leitura por prazer


Olá leitoras e leitores que acompanham o meu blog: criei um novo blog para compartilhar ideias, poemas e textos com vocês. O intuito é divulgar meus textos e também compartilhar escritos de autores/as que eu gosto, que me fazem melhor, que me fazem viajar... confiram com apenas um clique:

http://www.poemasetextos.wordpress.com

Espero que gostem!

Abraço,
Edna Telles

terça-feira, 24 de maio de 2011

Poema: Menino do mundo masculino

O que fizeram com o menino nesse mundo masculino?
Lhe ensinaram a mijar em pé
A cuspir no chão
A coçar o saco
E olhar pra bunda das garotas
Ele precisa brigar
Defender seu status de homem macho
Qual é o preço da honra que lhe ensinaram a defender?
Qual é o preço das contas que ele deve pagar?
A responsabilidade financeira por outros seres
Ele desde cedo, menino no mundo masculino
Já não pode chorar
Sentimentos há que segurar
Afetos só heteros e obrigatórios
Ali, naquele momento
No seu mundo violento
Que mata homens e mulheres
Que mata a si mesmo
Nas estatísticas de mortes jovens e masculinas
Esse menino do mundo masculino
Que cresce em meio à intolerância
Que aprende a gerar desafetos com os seus pares diferentes
Cria estados inaceitáveis de violência
Eu quero mesmo são os masculinos plurais
Eu quero libertação para meninos e meninas
Num mundo mais colorido e humano
Cadê o menino do mundo masculino?
Morreu numa briga
Sem motivo
Menino do mundo masculino

Autoria: Edna Telles

terça-feira, 17 de maio de 2011

Educação do olhar: a diversidade brasileira


Em um sábado deste mês de maio, a equipe da escola onde trabalho, a EMEF Ernani Silva Bruno, foi visitar a exposição “Mães de Umbigo – parteiras da Amazônia”, no SESC Pompéia.  Foram professores/as, equipe gestora e demais funcionários/as. O objetivo principal era  ampliar o repertório cultural de todos/as nós, construir um outro olhar para as relações humanas e perceber o quanto de diversidade cultural temos em nosso país.  Segundo Danilo Santos de Miranda (diretor regional do SESC São Paulo) a exposição fotográfica “Mães de umbigo – parteiras da Amazônia”, ao retratar as questões relativas à gravidez e ao parto em um contexto cultural diverso dos grandes centros urbanos pretende despertar o olhar à variação cultural brasileira. O intuito de ampliar a educação para o olhar, nos territórios do perceptivo e do emocional proporcionados pela arte, reafirma seu compromisso com a difusão cultural voltada para o exercício do pensamento. Ampliar o repertório visual reitera uma sensibilização que nos permite vislumbrar os conteúdos simbólicos presentes no coletivo que emanam da arte e convidam para a busca por variadas interpretações, fruto de uma visão atenta às diferentes modulações da paisagem humana. Confiram abaixo a chamada para a exposição, em breve postarei os registros fotográficos que fiz.

Mães de Umbigo - Parteiras da Amazônia
SESC Pompéia

26/04 a 26/06 de 2011.
Terça a sábado, das 10h às 21h. Domingos e feriados, das 10h às 20h.


Exposição que retrata o cotidiano das parteiras tradicionais da região da floresta amazônica brasileira (estados do Amapá, Acre e Pará) e convida a uma jornada íntima através de realidade pouco conhecida por todos nós. O projeto, realizado entre 2000 e 2004 pela fotógrafa e cineasta Stephanie Pommez, reúne um ensaio com 53 fotos e um documentário produzido em parceria com a Zed, Arte e National Geographic Channels (Amazonie, la vie au bout des doigts). As imagens mostram momentos da vida dessas mulheres ribeirinhas, que moram em comunidades nas margens das centenas de rios e igarapés da Bacia Amazônica e que guardam a vida, os costumes e a cultura desta região. Algumas delas começaram sua jornada de parteiras por acaso, ao assistir partos de familiares ou vizinhas; outras foram iniciadas por parteiras mais velhas da própria família - suas mães, tias, avós. Para além do acaso e do conhecimento, para elas o verdadeiro pré-requisito deste ofício é possuir o que descrevem como um “dom de Deus”. Mães de Umbigo é um registro intenso de como a vida humana se faz chegar na amazônia brasileira. A exposição conta com uma equipe de educadores para realizar visitas mediadas e o agendamento de grupos pode ser feito pelo telefone 3871-7700, de terça a sexta-feira, das 13h às 18h, ou pelo e-mail agendamento@pompeia.sescsp.org.br

(acesso em  17/05/2011, às 11h19)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O dia 05 de maio de 2011 ficará na história!




Hoje, dia 05 de maio de 2001 foi um dia decisivo na história da conquista de direitos para cidadãos e cidadãs desse país. O STF decidiu, por unanimidade, o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo. Todos os dez ministros aptos a votar foram favoráveis a estender a parceiros homossexuais direitos hoje previstos a casais heterossexuais. A partir de agora , casais homossexuais têm direito à união estável, acesso a herança e pensões alimentícia ou por morte, além de tornarem-se dependentes em planos de saúde e de previdência, o que pode facilitar também a adoção de filhos/as por casais homossexuais.
A união estável, prevista na Constituição Federal (art. 226, parágrafo terceiro) e no Código Civil (art.1723), é tratada como uma entidade familiar e, por isso, regida pelo direito da família. É essa nova interpretação que se estende aos casais gays pela decisão do STF.
É relevante ressaltar que essa é uma conquista que vem da luta de muitos homens e mulheres em movimentos sociais, o movimento LGBTT, movimento de mulheres, movimentos educacionais, entre outros, a favor da equidade e da justiça social, de todos/as aqueles/as que querem ver um mundo melhor, onde todo ser humano possa ter os mesmos direitos independente de seu sexo, raça/etnia, classe, idade, gênero, orientação sexual. É uma conquista que merece comemoração.
Nós, educadoras e educadores defensores/as de uma educação humanista, por princípio somos contra qualquer tipo de desigualdade e, portanto, diante dessa grande conquista, devemos compartilhar e discutir com nossos/as alunos/as o que isso significa em termos de avanços na busca por justiça social.
Parabéns a todos/as aqueles/as que, de alguma forma, seja na escola, na academia, na militância, na vida cotidiana defendeu essa causa hoje ganha! Sempre vale a pena continuar! E ainda temos muito a conquistar!

Edna Telles

Fonte da imagem:
 

terça-feira, 26 de abril de 2011

A mulher morta

A mulher morta

A mulher morta é aquela a que lhe foram negados seus direitos
De ir e vir
De decidir por parir ou não parir
A mulher morta é aquela que não sente prazer
Mesmo trepando pra valer
A mulher morta é aquela que não consegue alimentar seus filhos
Mesmo trabalhando sem parar
A mulher morta é aquela que espera por alguém que não virá
Ela é aquela que cala
Porque morta não fala.
A mulher morta é aquela a qual não a deixaram trabalhar
É aquela que apanha e não denuncia
A mulher morta é a que tem vergonha do marido e medo do desconhecido
Os índices estão errados
Há muito mais mulheres mortas do que vivas,
Corrijam seus dados
Nossa sociedade é um cemitério de mulheres!

(Esse poema é de minha autoria)

Obs. A imagem foi retirada da seguinte fonte:  
http://downloads.open4group.com/wallpapers/1024x768/olhar-da-mulher-sofrida-25539.html

sábado, 2 de abril de 2011

Poema sobre o outro lado

Apesar do sol nascer todos os dias
Apesar da lua iluminar a noite
Há muita gente passando fome
Sentindo dor porque não tem o que comer
Há gente soterrada coletivamente
Enchente...
Apesar de todos estarem na escola, que bom!
Há muita gente que não escreve o próprio nome
Que lê, mas não entende o que quer dizer aquilo que leu
Breu...
Apesar dos avanços em relação à desigualdade de gênero
Há muita gente humilhando mulher
Há muita mulher apanhando calada
Cilada...
Apesar das mudanças nas configurações familiares
Tem muito casal de mulher e casal de homem sofrendo pra valer seus direitos
Pra criar seus filhos e filhas
Famílias...
Apesar de haver tanta fé
Tem muito lugar onde Deus não chega
Igreja...
Quem rema contra a maré
Quem enxerga o outro lado
Discriminado
Quem é o culpado?
Estado
Estado de coisas
Estado de direito
Estado
Porque que é que deu tudo errado?

Autoria: Edna Telles

sexta-feira, 18 de março de 2011

A busca por uma Educação de qualidade

Para falar Educação de qualidade, faz-se necessário primeiramente explicitar o que se entende por Educação e por qualidade. Hoje, o assunto educação tornou-se um dos mais importantes na política e na sociedade como um todo. Não faltam pessoas querendo “melhorar” a Educação. Mas o que seria necessário para melhorar a Educação? O que isso significa? Se não deixarmos claro o que entendemos como qualidade e educação, corremos o risco de empreender esforços contra nós mesmos, conseguindo no máximo a reprodução de uma educação ruim e autoritária. Em primeiro lugar, estou convencida de que educar não é preparar para ganhar dinheiro ou para trabalhar. Apenas isso é pouco. Mas para explicar o que é Educação como a entendo, é preciso deixar claro o que não é educação: a existência de alguém que sabe e alguém que não sabe. Alguém que detém conhecimentos e informações e alguém que não detém. E esse alguém que sabe passa esses conhecimentos e informações para alguém que não sabe. Educação –nessa concepção – se reduz à isso: passagem de conteúdos para que se cobre lá na frente em testes e provas, a chamada “educação bancária”, segundo Paulo Freire. Pior ainda é a idéia de passar conhecimentos sem se importar como. A escola seleciona e fiscaliza. Essa é a escola que alguns saudosistas dizem ter saudade: a escola que excluía os que realmente precisavam dela, porque os que lá estavam e permaneciam, aprendiam apesar da escola, já vinham letrados de casa. Os que tinham dificuldades saíam da escola logo no primeiro ano. Essa escola era boa? Péssima. Segundo o professor Vitor Paro “a escola não precisava ser boa, ela podia dar-se ao luxo de ser ruim, porque ela não era para as massas. Mais ou menos o que fazem hoje as chamadas “boas” escolas privadas, que também continuam selecionando seus alunos” (Paro, 2010, pág. 84). A fiscalização vinha na forma de exames e reprovações. Dessa forma, o fracasso era sempre jogado para a vítima, era uma forma de não assumir o trabalho que era feito. Que escola competente era essa?  E que escola temos hoje? Precisamos pensar em educação como algo diferente disso, uma educação humanista, que considere a especificidade do ser humano como ser criativo, como ser humano – histórico – cultural e necessariamente plural, que se articula com outros/as, então é um ser político, do ponto de vista da convivência com as pessoas. Essa convivência pode ser autoritária ou dialógica. Na forma autoritária, tornamos nosso semelhante reduzido a objeto. Na forma dialógica, o outro – e nós mesmos – somos sujeitos. Nós nos fazemos humanos na medida em que nos tornamos sujeitos. O sujeito, o ser humano, produz cultura em seu fazer histórico. Tudo o que não existe naturalmente, que é criado pelo ser humano, chamamos de cultura.  “Cada nova geração se apropria da cultura histórica e essa apropriação da cultura tem um nome: chama-se educação” (Paro, 2010, pág. 89). Ser sujeito significa ser senhor de vontade. E, segundo Paro, a educação que visa à produção do ser humano-histórico, só se dá se o educando for um ser de vontade. Significa que o educando só aprende se quiser. Isso é óbvio, mas é algo negado na nossa prática diária. Ser sujeito significa ser senhor/a de ação. Ninguém é sujeito se não reflete, não se faz autônomo/a, cidadão/ã. Quem quer aprender, aprende em qualquer lugar. “Levar o/a aluno/a a querer aprender é 101% da didática e dizer que “a escola é boa, mas a criança não aprendeu porque não quis” é o mesmo que dizer que a cirurgia foi um sucesso, mas o paciente morreu. Se não houve aprendizado, não houve ensino” (Paro, 2010, pág. 92). Os/as educadores/as devem propiciar aos/as educandos/as a condição de sujeitos e devemos compreender que a criança se faz sujeito de modo diverso do adulto. A criança de 6, 7, 8 anos de idade se faz sujeito brincando e se não tivermos uma escola que brinca, não teremos uma escola. A Educação precisa ter caráter científico. Não dá pra termos aulas iguais para crianças de idades diferentes, isso é desconhecer o desenvolvimento infantil. Será que não estamos lutando por uma escola conservadora? Pensem nisso.

Referência bibliográfica:
PARO, Vitor Henrique. Educação como exercício do poder: crítica ao senso comum em educação. 2ªedição, São Paulo, Cortez, 2010.

sexta-feira, 4 de março de 2011

CARNAVAL E ESCOLA

Como já dizia nosso mestre Paulo Freire, escola é lugar de gente. E gente sonha, deseja, ri, se diverte e constrói conhecimento. Hoje, dia 04 de março (sexta-feira) comemorou-se o carnaval na escola onde trabalho, EMEF Ernani Silva Bruno. Teve festa, baile, muito confete, serpentina, frevo, marchinhas de carnaval, fantasias, máscaras... um momento fascinante, mas que começou há semanas atrás. Desde o início do mês toda a equipe docente, coordenação, direção e demais funcionários/as trabalharam para que a festa de hoje não fosse simplesmente uma festa. O alunos e alunas estudaram o que significa o carnaval, sua origem  histórica, sua mistura de culturas e manifestações populares e toda a arte que as envolve. As leituras compartilhadas realizadas desde o início do mês de fevereiro tiveram como temática central o carnaval, apresentadas em diferentes gêneros. As crianças aprenderam sobre o samba, as marchinhas, o frevo, maracatu, caboclinhos, boi... A professora de Educação Física ensaiou diversas danças com todas as classes, as professoras de Arte trabalharam as máscaras, as fantasias, os painéis. As professoras e professores em geral desenvolveram o tema de diferentes maneiras. As agentes escolares deram um apoio com os ensaios e mostraram que sabem bastante sobre o carnaval... hoje, todos/as os/as alunos/as assitiram à um vídeo do Antonio Nóbrega falando sobre o frevo, suas origens, tipos... depois cada classe fez sua apresentação e então... crianças de todas as idades caíram na folia junto com toda a equipe escolar... que ninguém é de ferro!!!! Parabéns e bom carnaval à todas e todos!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

LEITURA E ESCRITA NA ESCOLA: DESAFIOS ÀS EDUCADORAS E EDUCADORES

Olá pessoal, tudo bem?

Um dos assuntos mais interessantes e instigantes na escola – a meu ver –  é a questão da leitura e da escrita. Leio muito a respeito, pesquiso, procuro discutir na escola e nos cursos que ministro. Faz-se necessário discutir amplamente e buscar ações no dia-a-dia da escola para que as meninas e os meninos possam ser produtores/as da língua escrita. Mas como fazer isso? Como desenvolver a linguagem escrita, a oralidade, a leitura desde o CEI (centro de educação infantil, antiga creche)? Publicarei nesse espaço algumas dicas, englobando educação infantil e ensino fundamental.

Para iniciar, não posso deixar de fazer uma homenagem à literatura, reiterando a importância de apresentá-la de forma prazerosa na escola. Para tanto, segue um texto de Lygia Bojunga:

LIVRO, A TROCA
Pra mim, livro é vida; desde que eu era muito pequena os livros me deram casa e comida.
Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé, fazia parede, deitado, fazia degrau de escada; inclinado, encostava num outro e fazia telhado.
E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro pra brincar de morar em livro.
De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto olhar pras paredes). Primeiro, olhando desenhos; depois, decifrando palavras.
Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça.
Mas fui pegando intimidade com as palavras. E quanto mais íntimas a gente ficava, menos eu ia me lembrando de consertar o telhado ou de construir novas casas. Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava a minha imaginação.
Todo dia a minha imaginação comia, comia e comia; e de barriga assim toda cheia, me levava pra morar no mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu, era só escolher e pronto, o livro me dava.
Foi assim que, devagarinho, me habituei com essa troca tão gostosa que – no meu jeito de ver as coisas – é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no livro, mais ele me dava.
Mas, como a gente tem mania de sempre querer mais, eu cismei um dia de alargar a troca: comecei a fabricar tijolo pra – em algum lugar – uma criança juntar com outros, e levantar a casa onde ela vai morar.



PARA TRANSFORMAR O ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA

QUAL É O DESAFIO DA ESCOLA?

  • Formar praticantes da leitura e da escrita e não apenas sujeitos que possam “decifrar” o sistema escrita
  • É formar leitores que saberão escolher o material escrito adequado para buscar a solução de problemas que devem enfrentar e não alunos capazes apenas de oralizar um texto por outro.
  • É formar seres humanos críticos, capazes de ler entrelinhas e de assumir uma posição própria frente à mantida, explícita ou implicitamente, pelos autores dos textos com os quais interagem, em vez de persistir em formar indivíduos dependentes da letra do texto e da autoridade dos outros.
  • O desafio é formar pessoas desejosas de embrenhar-se em outros mundos possíveis que a literatura nos oferece, dispostas a identificar-se com o semelhante ou a solidarizar-se com o diferente e capazes de apreciar a qualidade literária.
  • Assumir esse desafio significa abandonar as atividades mecânicas e desprovidas de sentido, que levam as crianças a distanciar-se da leitura por considerá-la uma mera obrigação escolar.
  • Incorporar situações em que ler determinados materiais seja imprescindível para o desenvolvimento dos projetos que estejam levando a cabo.
  • O desafio é orientar as ações para a formação de escritores, como pessoas que saibam comunicar-se por escrito com os demais e com elas mesmas, em vez de continuar fabricando sujeitos quase ágrafos, para quem a escrita é tão estranha, que se recorre à ela somente em última instância e depois de ter esgotado todos os meios para escapar de tal obrigação.
  • O desafio é conseguir que os alunos cheguem a ser produtores de língua escrita, conscientes da pertinência e da importância de emitir certo tipo de mensagem em determinado tipo de situação social, em vez de treinar como copistas que só reproduzem o escrito por outros ou como receptores de ditados cuja finalidade se reduz à avaliação por parte do professor.
  • O desafio é que as crianças manejem com eficácia os diferentes escritos que circulam na sociedade e cuja utilização é necessária ou enriquecedora


ALGUMAS DICAS:

Características de uma boa atividade de linguagem (escrita):

  • Situação social definida (qual a finalidade dessa escrita): escrever para quem, para quê e como?
  • O gênero do discurso precisa estar definido
  • Pensar em propostas onde faça sentido escrever, importância de trabalhar situações reais de comunicação onde se escrever para alguém ler e não para o professor corrigir.
  • Construção de um trabalho com gêneros e leitura e escrita: importância do diagnóstico (planilhas diagnósticas): o que o aluno sabe e o que precisa aprender
  • Para que o aluno escreva bem, é necessário que tenha contato com bons textos, é necessário que o professor leia bons textos e não textos simplificados
  • Considerar a diversidade de níveis de aprendizagem (trabalhar com agrupamentos) e com as necessidades da turma (quais as dificuldades daquela turma em específico)
  • Conteúdo: comportamento escritor

O trabalho com leitura na escola (sugestões e comentários)

  • Leitura compartilhada – leitura feita pelo professor (de bons textos) - “em uma leitura compartilhada, o professor assume o papel daquele que revela, nas entonações, o efeito da pontuação, que explicita o costume de um bom leitor de questionar o texto, que instiga o grupo a estabelecer finalidades para a leitura, a se envolver com o enredo, a buscar indícios, a levantar hipóteses, a antecipar, a fazer inferências e a se posicionar diante das idéias do autor” – (referenciais de ciclo II)
  • Situações diversas de leitura com diferentes finalidades (ler por prazer, para aprender, etc...) e com diferentes organizações (leitura feita pelo professor, leitura feita pelo aluno, individual, em grupo, em dupla, em voz alta)
  • O professor precisa trabalhar o antes, o durante e o depois da leitura, onde o professor assume a tarefa de mediador da leitura, lembrando que ler e escrever são tarefas de todas as áreas do conhecimento.
  • Rejeitar práticas que transformam a leitura e a escrita nas diferentes áreas um ritual burocrático, no qual o estudante lê sem ter condições de discutir, responde a questionários mecanicamente e escreve textos somente para concordar com as idéias do professor ou do autor do texto.
  • Trabalhar com três níveis de interpretação (localização de informações, compreensão do texto e reflexão sobre o assunto do texto), o professor precisa elaborar boas questões que contemple esses três itens.
  • Empréstimo de livros
  • Roda de leitores
  • Conteúdo: comportamento leitor

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A correria voltou!




Olá pessoal que acompanha o blog, tudo bem? As aulas voltaram e com elas a correria do dia-a-dia da escola. Vou contar um pouco a quantas anda o trabalho pedagógico na escola onde trabalho, uma escola de ensino fundamental. A recepção das professoras e professores foi diferente. Nos reunimos no Parque Estadual do Jaraguá, mais conhecido como Pico do Jaraguá. A idéia era discutir os diferentes espaços onde é possível construir conhecimento. Não é apenas na sala de aula que se aprende. Bem, nós (equipe gestora) sempre iniciamos os encontros com uma leitura compartilhada ou uma música. No primeiro dia a música foi “Para Todos”, de Chico Buarque. Discutimos a diversidade que compõe o que somos nós, o que é a escola. Em seguida lemos e discutimos um texto do Libâneo sobre organização do trabalho pedagógico. Pausa para o café com sucos e frutas e distribuição de canecas de vidro (abolimos os copinhos de plástico!). Depois fizemos a “trilha do silêncio”, voltamos e compartilhamos sensações. No segundo dia de formação, novamente o parque. A música foi “O seu olhar”, de Paulo Tatit e Arnaldo Antunes. Discutimos algumas questões referentes ao texto do dia anterior e conversamos a respeito do Projeto Político pedagógico da escola. Depois, subimos o Pico do Jaraguá... que vista linda!!! Quase 300 degraus de uma torre a outra!!! Foi muito bom ver a cidade de outro ângulo! No terceiro dia, na escola, iniciamos o trabalho com a música: “Fim de semana no parque”, dos Racionais MC´s, depois fizemos um city tour pelas imediações da escola, andamos pelo bairro, conversamos com pessoas da comunidade. Visitamos a EMEI que fica ao lado da escola. Na volta, conversamos sobre as sensações, as descobertas... e depois, início da discussão de planejamento. Tantas idéias apareceram. Agora, as alunas e alunos já voltaram para a escola. Tem muito mais docentes saindo da sala de aula... levando as crianças para brincar, para fazer atividades em outros ambientes... Já houve a primeira reunião de pais, mães e demais responsáveis, esse ano fizemos à noite, 20h00, para que todos/as pudessem participar. Vieram muito mais pessoas! Um dos desafios de 2011 será trazer a comunidade para a escola de forma mais efetiva. Agora estão sendo concluídas as atividades diagnósticas em todas as disciplinas. A partir de então, organizaremos os próximos passos. E vamos à luta!

Edna Telles

Obs: referência do texto citado:
LIBÂNEO, José Carlos. OLIVEIRA, João ferreira de. TOSCHI, Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 4 ed. São Paulo, Cortez, 2007.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A criança de seis anos no ensino fundamental


Olá a todas e todos!

Transcrevo abaixo alguns excertos de textos sobre a infância e a criança de 06 anos no ensino fundamental. Eles podem nos ajudar muito na reflexão sobre esse assunto tão relevante para a Educação. Vamos ler, pensar  e tentar responder as questões colocadas?

“Nossas creches, pré-escolas e escolas têm oferecido condições para que as crianças produzam cultura? Nossas propostas curriculares garantem o tempo e o espaço para criar?” (Sônia Kramer, in “A Infância e sua singularidade”)

“Educação infantil e ensino fundamental são freqüentemente separados. Porém, do ponto de vista da criança não há fragmentação. Os adultos e as instituições é que muitas vezes opõem educação infantil e ensino fundamental, deixando de fora o que seria capaz de articulá-los: a experiência com a cultura..” (Sônia Kramer, in “A Infância e sua singularidade”)

“Entender que as pessoas são sujeitos da história e da cultura, além de serem por elas produzidas, e considerar os milhões de estudantes brasileiros de 0 a 10 anos como crianças e não só estudantes, implica ver o pedagógico na sua dimensão cultural, como conhecimento, arte e vida, e não só como algo instrucional, que visa a ensinar coisas. Essa reflexão vale para a educação infantil e o ensino fundamental”. (Sônia Kramer, in “A Infância e sua singularidade”)

“Mas como compreender a criança nas suas formas de ser, pensar e agir? Como vê-la como alguém que inquieta o nosso olhar, desloca nossos saberes e nos ajuda a enxergar o mundo e a nós mesmos? Como podemos ajudar a criança a se constituir como sujeito no mundo? De que forma a compreensão sobre o significado do brincar na vida e na constituição dos sujeitos situa o papel dos adultos e da escola na relação com as crianças e com os adolescentes? (Ângela Meyer Borba, in: “O brincar como um modo de ser e estar no mundo”)

“Nossas prática têm conseguido incorporar o brincar como dimensão cultural do processo de constituição do conhecimento e da formação humana? Ou têm privilegiado o ensino das habilidades e dos conteúdos das ciências, desprezando a formação cultural e a função humanizadora da escola? (Ângela Meyer Borba, in: “O brincar como um modo de ser e estar no mundo”)

“A brincadeira está entre as atividades freqüentemente avaliadas por nós como tempo perdido. Por que isso ocorre? Ora, essa visão é fruto da idéia de que a brincadeira é uma atividade oposta ao trabalho, sendo por isso menos importante, uma vez que não se vincula ao mundo produtivo, não gera resultados.” (Ângela Meyer Borba, in: “O brincar como um modo de ser e estar no mundo”)

“Os estudos da psicologia baseados em uma visão histórica e social dos processos de desenvolvimento infantil apontam que o brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimento e aprendizagem”. (Ângela Meyer Borba, in: “O brincar como um modo de ser e estar no mundo”)


“O plano informal das brincadeiras possibilita a construção e a ampliação de competências e conhecimentos nos planos da cognição e das interações sociais, o que certamente tem conseqüências na aquisição de conhecimentos no plano da aprendizagem formal.” (Ângela Meyer Borba, in: “O brincar como um modo de ser e estar no mundo”)


Abraços,
Edna Telles

Obs. Todos os excertos foram retirados de textos do livro "Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade", organização: Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do Nascimento. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Volta às aulas: preparando o retorno

Olá professoras e professores! Espero que estejam todas/os aproveitando ao máximo as férias, viajando, descansando e recuperando as energias para iniciar mais um ano letivo! Sugiro que alimentem a mente e a alma com muita literatura, poesia, filmes, visitas a museus e espaços culturais... É necessário construir um olhar sensível às artes...
Mas convido vocês a refletir comigo sobre a organização dessa volta à escola... Temos muitas coisas a pensar: a recepção das crianças de seis anos, a recepção dos/das alunos/as dos quintos anos (nova fase, novos meios de organização)... A recepção de alunas e alunos em geral. Agora é tempo de rever o Projeto Político Pedagógico, ele é a linha mestra da escola... Pensar nas atividades diagnósticas das diferentes disciplinas, saber o que já sabem seus alunos e alunas, estabelecer objetivos, rever as expectativas de aprendizagem da rede e adaptá-las a realidade de seus alunos e alunas, planejar...  Vamos lá... Força à todas e todos!

Edna Telles



terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Projeto UCA (um computador por aluno)



Olá educadoras, educadores e demais pessoas que acompanham o blog, espero que estejam todos/as bem! Desejo um excelente 2011 para todos/as. Temos muito trabalho pela frente, e para mim o ano escolar já começou, estou na escola pensando as próximas ações, a formação, a recepção de professoras/es e alunos/as...
Começo então, fazendo uma retrospectiva sobre o uso dos laptops educacionais na EMEF Ernani Silva Bruno, desde 2007 quando iniciou-se o pré-piloto do governo federal. São slides que falam sobre as possibilidades didáticas do uso dos laptops, a logística de implementação, a formação de professores, o desenvolvimento do trabalho com a monitoria. São informações que tenho certeza que ajudarão ou despertarão a curiosidade de quem se interessa pelo assunto ou mesmo de quem está em processo de implementação do uso desas novas tecnologias na escola. Há muitos desafios e algumas dificuldades, mas também muitas conquistas. Acessem o link clicando em Projeto UCA Ernani e enviem seus comentários, dúvidas e impressões. Até a próxima!
Edna Telles