domingo, 2 de dezembro de 2012

III Web Currículo: Educação e Mobilidade (PUC/SP)

Nos dias 12, 13 e 14 de novembro aconteceu o "III Web Currículo: Educação e Mobilidade", na PUC/SP. Foram três dias de muita interação, troca de experiências, relatos de práticas, comunicações de pesquisas e palestras nas várias Mesas redondas sobre o uso de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) na escola. Difícil foi escolher de quais palestras participar.

Compartilho aqui as minhas anotações sobre a Palestra Inaugural, que aconteceu no dia 12 de novembro, com Juan Carlos Tedesco (considerem que são apenas anotações, portanto pode haver quebra de pensamento....mesmo assim, acho que vale a pena conferir!).


Título da Palestra inaugural: Educação, Tecnologia e Justiça Social na Sociedade do Conhecimento.
Palestrante: Prof. Dr. Juan Carlos Tedesco, Director de la sede regional del Instituto Internacional de Planificación de la Educación en Buenos Aires.
Interlocutor: Alípio Dias Casali, PUC/SP
O Palestrante Prof. Dr. Juan Carlos Tedesco inicia dizendo que a história da educação nos últimos anos é a história das reformas. Para que queremos mudar a Educação? Estamos diante de uma opção ético-política. Os sentidos da Educação no século XXI precisam estar pautados na construção de uma sociedade mais justa. É preciso colocar a discussão do uso das tecnologias nesse contexto.
Disse que há, de forma geral, uma sensação de ceticismo nas propostas de mudanças. Foram alcançados níveis de avanço interessantes em alguns aspectos, mas a insatisfação vem em relação aos níveis sociais e origem das famílias, há um determinismo social que a escola não está conseguindo mudar. Hoje temos problemas também em outras classes sociais, no sentido de desenvolver competências. Mudar a Educação é algo muito difícil, é bom aceitarmos isso para não ficarmos iludidos.
O palestrante diz que na Argentina, as mudanças curriculares (reformas) chegam apenas até a porta da sala de aula. Mudaram os currículos nos últimos 20 anos, mas se pegarmos os cadernos de sala de aula, veremos as mesmas coisas. Ou seja, mudar a Educação não é algo simples.
Descentralizar ou não? Dar autonomia ou não? Os procedimentos dependem do âmbito político. A ideia de passado está associada ao que é obsoleto. O futuro está associado à incerteza, crise ambiental, entre outras coisas. Então, uma cultura que rompe com o passado e onde o futuro é incerto, tende a concentrar-se no presente. Cultura à curto prazo. Os educadores ficam em situação de crise, mal estar docente, crise nas escolas.
Ainda há dois extremos: o fundamentalismo e o individualismo (ideia postulada pelo mercado). Diante desses dois extremos, é preciso construir uma proposta que prime por uma sociedade mais justa, viver em comunidade, construir um projeto coletivo.
Hoje, precisamos de uma educação que permita níveis de solidariedade exigidos pela sociedade. Cita Fernando Pessoa “se o coração pensasse, ele pararia”.
O palestrante diz que o excluído não é necessário do ponto de vista produtivo. Nesse sentido, construir sociedades mais justas é o grande desafio do futuro. A Educação é uma condição necessária para a construção da justiça social. Cita alguns estudos da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe), criado pelas Nações Unidas.
Diz que hoje faz-se necessária a alfabetização científica e tecnológica. E salienta que é importante diferenciar o acesso universal ao domínio das novas tecnologias e as questões pedagógicas no uso dessas tecnologias. As questões colocadas são diferentes.
Quem não está inserido no mundo digital, fica fora das informações mais importantes que estão circulando. Há hoje programas de inclusão digital importantes na América Latina, um exemplo é o projeto “Um Computador por Aluno” (UCA).
Diz que toda escola deveria ter uma disciplina chamada Alfabetização digital.
O que significa inclusão digital em termos de alfabetização? É um assunto complexo onde temos que assumir uma postura científica. É preciso que trabalho em equipe, interação, cooperação, façam parte do projeto de uso das tecnologias, à serviço dos Projetos Pedagógicos. É fundamental discutir o Projeto Político pedagógico no qual são utilizadas as TIC´s.
Segue a palestra citando algumas pesquisas que considera importantes na área da neurociência. Diz que as crianças tem tempo de concentração curto, surfam, artificialmente. Há polêmicas, pois há pesquisas que apontam que jogos desenvolvem o pensamento complexo. É preciso estar “a par” dessas pesquisas e suas polêmicas, para que se possa pensar a respeito de decisões importantes politicamente falando.
Citou Nicolas Negroponte e a sua ong OLPC (one laptop per child). Disse que é necessário pensar na comercialização, mas a partir das necessidades sociais. Quais os problemas educacionais que esses laptops estão resolvendo?
É a tecnologia que tem que se adaptar aos problemas da escola e não o contrário.
Nesse momento, Juan Carlos Tedesco finaliza sua fala e em seguida o professor Alípio Casali faz a sua fala destacando iria chamar a atenção para alguns pontos da fala de Tedesco:
   Tedesco inicia falando de ceticismo e termina falando sobre o olhar para o futuro.
* O determinismo social ainda influencia os resultados.
* É preciso manejo adequado para o uso das tecnologias na Educação (investimentos)
*   Formação de sujeitos da ação social: com ética e visando uma sociedade mais justa, menos piramidal e mais plana, onde a Educação torna-se indispensável e as tecnologias entrem como dispositivos pedagógicos adequados para esse projeto.
* É preciso avançar nas pesquisas educacionais, colocando as TIC´s à disposição do Projeot Pedagógico e não o contrário.
Tedesco fala:
É preciso articular cultura digital com cultura científica. Temos muito desenvolvimento tecnológico e pouca cultura científica. É preciso um olhar interdisciplinar para o uso dessas tecnologias, um olhar sistêmico e complexo.
E vocês, o que acham?