terça-feira, 24 de maio de 2011

Poema: Menino do mundo masculino

O que fizeram com o menino nesse mundo masculino?
Lhe ensinaram a mijar em pé
A cuspir no chão
A coçar o saco
E olhar pra bunda das garotas
Ele precisa brigar
Defender seu status de homem macho
Qual é o preço da honra que lhe ensinaram a defender?
Qual é o preço das contas que ele deve pagar?
A responsabilidade financeira por outros seres
Ele desde cedo, menino no mundo masculino
Já não pode chorar
Sentimentos há que segurar
Afetos só heteros e obrigatórios
Ali, naquele momento
No seu mundo violento
Que mata homens e mulheres
Que mata a si mesmo
Nas estatísticas de mortes jovens e masculinas
Esse menino do mundo masculino
Que cresce em meio à intolerância
Que aprende a gerar desafetos com os seus pares diferentes
Cria estados inaceitáveis de violência
Eu quero mesmo são os masculinos plurais
Eu quero libertação para meninos e meninas
Num mundo mais colorido e humano
Cadê o menino do mundo masculino?
Morreu numa briga
Sem motivo
Menino do mundo masculino

Autoria: Edna Telles

terça-feira, 17 de maio de 2011

Educação do olhar: a diversidade brasileira


Em um sábado deste mês de maio, a equipe da escola onde trabalho, a EMEF Ernani Silva Bruno, foi visitar a exposição “Mães de Umbigo – parteiras da Amazônia”, no SESC Pompéia.  Foram professores/as, equipe gestora e demais funcionários/as. O objetivo principal era  ampliar o repertório cultural de todos/as nós, construir um outro olhar para as relações humanas e perceber o quanto de diversidade cultural temos em nosso país.  Segundo Danilo Santos de Miranda (diretor regional do SESC São Paulo) a exposição fotográfica “Mães de umbigo – parteiras da Amazônia”, ao retratar as questões relativas à gravidez e ao parto em um contexto cultural diverso dos grandes centros urbanos pretende despertar o olhar à variação cultural brasileira. O intuito de ampliar a educação para o olhar, nos territórios do perceptivo e do emocional proporcionados pela arte, reafirma seu compromisso com a difusão cultural voltada para o exercício do pensamento. Ampliar o repertório visual reitera uma sensibilização que nos permite vislumbrar os conteúdos simbólicos presentes no coletivo que emanam da arte e convidam para a busca por variadas interpretações, fruto de uma visão atenta às diferentes modulações da paisagem humana. Confiram abaixo a chamada para a exposição, em breve postarei os registros fotográficos que fiz.

Mães de Umbigo - Parteiras da Amazônia
SESC Pompéia

26/04 a 26/06 de 2011.
Terça a sábado, das 10h às 21h. Domingos e feriados, das 10h às 20h.


Exposição que retrata o cotidiano das parteiras tradicionais da região da floresta amazônica brasileira (estados do Amapá, Acre e Pará) e convida a uma jornada íntima através de realidade pouco conhecida por todos nós. O projeto, realizado entre 2000 e 2004 pela fotógrafa e cineasta Stephanie Pommez, reúne um ensaio com 53 fotos e um documentário produzido em parceria com a Zed, Arte e National Geographic Channels (Amazonie, la vie au bout des doigts). As imagens mostram momentos da vida dessas mulheres ribeirinhas, que moram em comunidades nas margens das centenas de rios e igarapés da Bacia Amazônica e que guardam a vida, os costumes e a cultura desta região. Algumas delas começaram sua jornada de parteiras por acaso, ao assistir partos de familiares ou vizinhas; outras foram iniciadas por parteiras mais velhas da própria família - suas mães, tias, avós. Para além do acaso e do conhecimento, para elas o verdadeiro pré-requisito deste ofício é possuir o que descrevem como um “dom de Deus”. Mães de Umbigo é um registro intenso de como a vida humana se faz chegar na amazônia brasileira. A exposição conta com uma equipe de educadores para realizar visitas mediadas e o agendamento de grupos pode ser feito pelo telefone 3871-7700, de terça a sexta-feira, das 13h às 18h, ou pelo e-mail agendamento@pompeia.sescsp.org.br

(acesso em  17/05/2011, às 11h19)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O dia 05 de maio de 2011 ficará na história!




Hoje, dia 05 de maio de 2001 foi um dia decisivo na história da conquista de direitos para cidadãos e cidadãs desse país. O STF decidiu, por unanimidade, o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo. Todos os dez ministros aptos a votar foram favoráveis a estender a parceiros homossexuais direitos hoje previstos a casais heterossexuais. A partir de agora , casais homossexuais têm direito à união estável, acesso a herança e pensões alimentícia ou por morte, além de tornarem-se dependentes em planos de saúde e de previdência, o que pode facilitar também a adoção de filhos/as por casais homossexuais.
A união estável, prevista na Constituição Federal (art. 226, parágrafo terceiro) e no Código Civil (art.1723), é tratada como uma entidade familiar e, por isso, regida pelo direito da família. É essa nova interpretação que se estende aos casais gays pela decisão do STF.
É relevante ressaltar que essa é uma conquista que vem da luta de muitos homens e mulheres em movimentos sociais, o movimento LGBTT, movimento de mulheres, movimentos educacionais, entre outros, a favor da equidade e da justiça social, de todos/as aqueles/as que querem ver um mundo melhor, onde todo ser humano possa ter os mesmos direitos independente de seu sexo, raça/etnia, classe, idade, gênero, orientação sexual. É uma conquista que merece comemoração.
Nós, educadoras e educadores defensores/as de uma educação humanista, por princípio somos contra qualquer tipo de desigualdade e, portanto, diante dessa grande conquista, devemos compartilhar e discutir com nossos/as alunos/as o que isso significa em termos de avanços na busca por justiça social.
Parabéns a todos/as aqueles/as que, de alguma forma, seja na escola, na academia, na militância, na vida cotidiana defendeu essa causa hoje ganha! Sempre vale a pena continuar! E ainda temos muito a conquistar!

Edna Telles

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