terça-feira, 2 de novembro de 2010

Relações de gênero na escola: intervenções docentes

Um grande amigo meu, o professor Jorge Ferreira Franco, sugeriu que eu escrevesse sobre algumas ações que poderiam ser feitas na escola pela equidade de gênero, já que dedico a estudar esse tema há alguns anos. Achei a ideía excelente e agora publico algumas intervenções que o/a docente poderá incorporar à sua prática. São elas:


·                   Ter a sensibilidade/percepção de encorajar meninas e meninos a não esconder suas capacidades.
·                   Conversar sobre as várias opções de engajamento profissional independente do sexo, questionando estereótipos, mostrando por exemplo, mulheres engenheiras, executivas, cirurgiãs,  motoristas de ônibus, Presidente da República!!! Homens bailarinos, educadores de creche, enfermeiros, entre outros.
·                   Incentivar o desenvolvimento de atividades de liderança tanto em meninos quanto em meninas, intervir na distribuição das tarefas. Na rádio da escola, por exemplo, intervir para que todos/as participem tanto da produção escrita do programa, quanto de toda a parte técnica, de conhecimento dos equipamentos.
·                   Incentivar tanto meninas quanto meninos a desenvolver habilidades para falar em público, expressar suas opiniões (gêneros orais: debates, seminários, etc)
·                   Construir, com exemplos múltiplos, imagens positivas de mulheres e homens (não só de homens): diversificar os modelos, ir além dos paradigmas dominantes
·                   Conversar e aprimorar debates sobre o que é preconceito de gênero (como acontece, onde e como aparece)
·                   Desencorajar qualquer ato de violência (física e simbólica) contra meninas e meninos
·                   Incentivar grupos mistos   X  competições entre meninos e meninas
·                   Não fazer comentários e piadas racistas, sexistas ou que expressem preconceito de classe, etc...
·                   Destacar o sucesso de mulheres e meninas da mesma maneira que de homens e meninos
·                   Incluir nas aulas discussões sobre gênero, poder e sexualidade
·                   Utilizar leituras de textos escritos por mulheres e comentar sua biografia
·                   Incentivar igualmente o envolvimento de meninas e meninos em atividades de ciências e matemática
·                   Não dividir as filas somente em fila de meninos e filas de meninas (propor outras formas)
·                   Misturar meninos e meninas na distribuição dos lugares em sala de aula
·                   Estimular brincadeiras e trabalhos em grupo (diversidade na gestão das atividades), não permitindo “clube do Bolinha” e da “Luluzinha”
·                   Incentivar o cuidado com as pessoas independente do sexo de quem cuida
·                   Conversar a respeito da importância em dividir as tarefas domésticas
·                   Deixar que as crianças brinquem livremente com os brinquedos (sem separar brinquedos de meninas  X  brinquedos de meninos)
·                   Observar como se constroem hierarquias entre as crianças baseadas em preconceitos de classe, raça/etnia, gênero, religião, idade. É uma discussão que precisa ser contínua
·                   Mostrar heroínas mulheres, mulheres negras, etc...
·                   Questionar – junto às alunas e alunos – os modelos que aparecem na mídia (jornais, revistas, TV, etc...)
·                   Desconstruir estereótipos
·                   Estar atenta/o para situações aparentemente corriqueiras (xingamentos, piadinhas, distribuição de jornal na classe)
·                   Escolher livros didáticos que não incentivem o preconceito de gênero (atenção para o conteúdo, linguagem, imagens)
·                   Conversar como grupo de professoras e professores sobre o preconceito de gênero

Essas são apenas algumas sugestões, em breve publicarei uma experiência de intervenção muito interessante a respeito dos brinquedos nas séries iniciais.