quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A você: professora, professor...

Gostaria de – nessas poucas linhas – poucas para expressar algo que é tão profundo... gostaria de agradecer a todas as professoras e professores que conheço e os que não conheço também... agradecer pelo trabalho desenvolvido esse ano, por acreditar na Educação Pública de Qualidade e por buscar essa qualidade a cada dia. Falo isso agora pensando nas professoras e professores que trabalham comigo na EMEF Ernani Silva Bruno... semana passada li uma a uma as avaliações individuais de cada uma/um e confesso que me emocionei pois sei que cada uma/um de vocês procura dar o seu melhor na escola. Acertando, errando, mais sempre com um objetivo em comum: uma sociedade melhor, a partir do trabalho com essas meninas e meninos. É no dia-a-dia da escola que vivemos essa construção... na preocupação com a  criança que ainda não aprendeu a ler e a escrever, na preocupação em acolher os/as pequeninos/as que ali chegam com 6 anos, na preocupação em acolher e envolver os/as adolescentes que chegam ao fundamental II, no aprendizado do uso das novas tecnologias para inserir meninas e meninos na cultura digital, na preocupação com as escolhas que se faz para o planejamento, na preocupação com as crianças com necessidades educativas especiais, na preocupação com a inclusão das crianças que já estão na escola, buscando sempre uma educação que realmente trabalhe com a diversidade na perspectiva da equidade. Sei que são tantas as dificuldades... e analisá-las de forma isolada seria simplista demais... não há soluções fáceis para problemas complexos!
O desafio é muito grande ainda para conseguirmos uma sociedade e uma escola que garanta direitos básicos a todas e a todos. Mas estamos no caminho e é nesse dia-a-dia que vamos construindo a mudança. Por saber que o caminho é longo e difícil, mas gratificante também é que desejo a todas e todos boas festas e que em 2011 possamos continuar lutando por um mundo melhor, com muita saúde para encarar todos os desafios que ainda temos!

Muito obrigada!

Edna Telles

domingo, 19 de dezembro de 2010

Para inspirar a discussão sobre a inclusão da criança de seis anos na escola de ensino fundamental


A incapacidade de ser verdadeiro
Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo.
Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa, como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias. Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico.
Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
— Não há nada a fazer, Dona Coló. Esse menino é mesmo um caso de poesia.
(Carlos Drummond de Andrade)


 Abraços a todas e todos,
Edna Telles

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O mundo intelectual e o Movimento feminista brasileiro perdeu uma de suas mais importantes referências: morre Heleieth Saffioti

Morreu no dia 13/12/2010 aos 76 anos, a socióloga, professora, pensadora e feminista Heleith Saffioti. A professora Heleieth é uma das mais importantes referências do Movimento Feminista brasileiro, professora de Filosofia há mais de 40 anos, iniciou a docência na UNESP de Araraquara. Buscou compreender os mecanismos de exploração das mulheres no capitalismo, sempre discutindo a relação entre racismo, patriarcado, capitalismo e a situação das mulheres na sociedade. Portanto, é referência nos estudos de gênero.
Publicou muitos livros, entre eles "O poder do macho" (1987), "Gênero, patriarcado e violência" (2004), "A mulher na sociedade de classes" (1970) e inúmeros e incontáveis artigos. Infelizmente não a conheci pessoalmente, mas compartilho de suas idéias e da grande perda que o Brasil teve. Porém, sua contribuição irá, com certeza, continuar a nos inspirar e servir como base para as pesquisas de gênero, feminismo e suas relações com o mundo capitalista. Abaixo, segue alguns links sobre a autora e seu falecimento:

Fundação Perseu Abramo

Araraquara.com

Secretaria Especial de políticas para as mulheres

Abaixo segue o link de um de seus textos:

Texto: Contribuições feministas para o estudo da violência de gênero

Obrigada pela relevante contribuição!
Edna Telles

FAMÍLIA E ESCOLA: UMA APROXIMAÇÃO POSSÍVEL E NECESSÁRIA

Olá a todas e a todos. Quero compartilhar neste espaço de discussão um pouco da experiência que tive na escola municipal de ensino fundamental onde trabalho em relação à aproximação entre família e escola. Sabe-se de antemão que este é assunto relevante no âmbito da Educação, muito discutido no meio acadêmico e que não há dúvida da necessidade das escolas em tentar sair do lugar comum de simplesmente realizar “reuniões de pais” para falar sobre rendimento e comportamento. Diga-se de passagem, esse último item, geralmente muito complicado do ponto de vista da exposição de pais e mães diante de seus pares e com isso, a vergonha, o desgosto e a posterior ausência da participação, que não raro, a culpa é colocada sempre na família (que é – segundo este ponto de vista –  “ausente” ou “desestruturada”). Mas mudar esse paradigma não é tarefa fácil, porém é possível e necessário. Acredito que onde trabalho estamos “caminhando” na busca por alternativas e por isso apresento aqui o que temos feito.
Em primeiro lugar, realizamos algumas parcerias. Desde 2004, desenvolvemos junto à PUC/SP com a equipe da professora doutora Heloísa Hszymanski e com a LABOR um projeto denominado “Projeto diálogo”, onde a idéia principal era construir um diálogo entre as várias Instituições da comunidade a qual a escola está inserida e que trabalham com as crianças da comunidade. No caso, a escola, as famílias, o centro de juventude, a creche, a biblioteca, o centro comunitário. Todas essas Intituições foram convidadas a participar. No final das contas, participaram mesmo a escola, as famílias, o centro de juventude e a creche Pianoro. No início, foi feito um grande diagnóstico nestas instituições para fazer um levantamento das prioridades de trabalho na escola do ponto de vista de cada uma delas. Antes, cada Instituição apresentou o que fazia, quais eram os objetivos institucionais, o trabalho que elas desenvolviam, a fim de que cada instituição se conhecesse melhor. Para o diagnóstico, cada segmento de cada Instituição conversou com seus pares e discutiu quais eram os problemas e as demandas principais sobre a escola. Entre os assuntos levantados estava a questão de como seria a escola ideal. Isso teve a duração de um ano. Em 2005, o resultado do diagnóstico resultou numa conclusão surpreendente: o que todo mundo queria, seja escola (professores/as, funcionários/as, alunos/as...), família, grupo de jovens creche – com relação à escola – era a mesma coisa: que todos/as os/as alunos/as fossem alfabetizados/as plenamente idealmente até o fim do segundo ano do ciclo I e, nos casos mais difíceis, até o fim de quarto ano do ciclo I. A partir daí, para 2006 foi traçado em plano de ação onde todas as atitudes foram tomadas a fim de que este grande objetivo fosse alcançado. Fizemos um trabalho com as famílias das crianças que apresentavam maiores dificuldades em se alfabetizar, nos reuníamos de 15 em 15 dias, para conversarmos a respeito de seus/suas filhos/as, como eram em casa, o que aprendiam com eles/as, qual a maneira de aprender de seus/suas filhos e filhas e como poderiam nos ajudar. Aprendemos muito com as famílias. Discutimos como desenvolvíamos o trabalho com essas crianças e as famílias compreenderam como a escola lidava com essas questões. Outra ação tomada foi o encontro quinzenal também com as educadoras destas crianças para discutirmos quais as melhores estratégias e atividades para atingir todas as crianças em suas diversidades de nível de aprendizagem. A LABOR ajudou muito nessa orientação pedagógica. Houve também o desenvolvimento de PPDs (Pequenos Projetos didáticos) por parte dos/das professores/as e orientados/as pela LABOR, desenvolvidos em sala de aula e apresentados ao final do ano. Uma outra ação a ser destacada foi a parceria com o grupo de jovens e a creche Pianoro. Nós tínhamos problemas em reunir as professoras das quartas séries para trabalhar a formação, devido ao horário que não coincidiam. Então, os jovens da comunidade Pianoro vinham até a escola e trabalhavam capoeira com todos/as os/as alunos/as. Nesse horário, eu me reunia com as professoras. Em contrapartida, eu e a Fran (coordenadoras pedagógicas) fazíamos a Formação das educadoras da creche. Foi uma troca muito rica. Aprendemos muito nesse processo que oficialmente durou de 2004 a 2008. Mas continua rendendo frutos até hoje. Aprendemos muito durante esse processo. Hoje, fazemos reuniões de pais, mães e responsáveis (família) formativas, para discutir assuntos diversos (a última foi sobre publicidade infantil), em horários compatíveis com os horários das famílias (a noite, aos sábados) e a participação foi grande. Mesmo a arrumação das salas nas reuniões entre família e mestras/es mudou: sempre em círculo, com café, um ambiente aconchegante... com senhas para atendimento individual, assim os pares não precisam saber da vida do filho/a do/da colega, a não ser que ele/a queira...rs.  A participação aumentou muito. Esse ano conseguimos a parceria da biblioteca da comunidade, desenvolvemos trabalho em conjunto e já vamos planejar 2011 junto com a biblioteca, inclusive já organizando um grupo de estudos, formação e oficinas com a comunidade para discutir bulliyng e respeito às diferenças. Vamos também planejar ações conjuntas com a creche e o grupo de jovens da Pianoro, todas as decisões referentes aos laptops do Projeto UCA (Um computador por aluno) são tomadas junto às famílias. O grupo está crescendo e quem ganha? Todos/as: escola, família, comunidade! Os resultados da escola melhoraram e aumentaram, tanto nas avaliações internas quanto nas externas. O número de crianças não alfabetizadas diminuiu muito. Acredito que estamos no caminho. Ainda faltam muitas conquistas, mas tudo é um processo. Já conseguimos mudanças significativas. O aprendizado: de que a aproximação entre escola e família é algo possível e necessário. Espero que tenha contribuído de alguma forma para que vocês pensem ações nas Instituições em que trabalham!

Abraço, Edna Telles.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Sobre o processo de escrita...


Pessoal, como esse blog tem como título “Educação, TICs e diversidade”, percebe-se que é extremamente amplo no que diz respeito a conteúdo. Educação pode englobar muitos assuntos, as metodologias de todas as disciplinas, a formação de professores/as, o currículo, entre inúmeros outros. Então, já que o contexto permite, publicarei aqui um texto escrito por mim em 2008, que fala sobre o processo de escrita, sobre o prazer de produzir um texto escrito. Lá vai:

Sobre escrita e dor de barriga

Talvez escrever seja uma forma de viver. E, sinceramente, se vive melhor ao escrever. Pode-se ser o que quiser, sentir o que quiser sem medo do julgamento – essa palavra feia de nosso vocabulário discriminatório.
– Que coisa esdrúxula! Diriam uns.
– Que perda de tempo! Diriam outros.
Tudo gente presa ainda nas amarras do utilitário, do aceitável e rentável.
Escrever não rende – no sentido de renda mesmo, não aquela do enfeite (antes fosse...), mas aquela do dinheiro. Talvez por isso não tenha o valor que deveria. Valor hoje é sinônimo de renda. Tu contas algo hoje e logo vem a pergunta: -- mas  o que ganhas com isso? Qual a vantagem?
Digo-te: escrevendo ganho liberdade, uma alma que não acredito ter em outros momentos. Ganho felicidade – palavra tão rara em nosso vocabulário tão corrido. Ganho vida, vivo. Nasço e permaneço crescendo a cada instante. Posso ser bela, intensa e grande como as cataratas do Iguaçu. Posso ser delicada como uma joaninha andando no dedo de uma criança e fazendo rir. Posso matar a todos que eu quiser sem precisar me desculpar e pagar por isso (e não me aches cruel, todos nós já quisemos matar alguém um dia, mesmo que simbolicamente, mesmo que fosse nós mesmos).Posso transbordar de mim mesma e me presentear com o prazer único que só quem escreve com sangue sabe o que o é. Se ler é adentrar em outros mundos possíveis, escrever é criar mundos possíveis – e impossíveis.
Escrever ainda é uma forma de contra ideologia, é uma resistência, é a expressão de uma revolta. Por isso há coisas que não se publica. Por isso há gente que ainda morre pelo que escreveu ou por ter feito jus ao que escreveu. Só sei que a escrita é algo que está dentro e de repente torna-se tão forte que não se consegue mais deixar lá, aí se escreve.
É como dor de barriga, não tem hora pra chegar. Simples assim. E da mesma forma, depois da  avalanche”, a sensação é muito boa...


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Como fazer uma intervenção na escola com o objetivo de desconstruir estereótipos de gênero?

Sou coordenadora pedagógica de uma escola municipal (de ensino fundamental) em São Paulo. Como eu estudo a questão das relações de gênero e, mais especificamente, das relações de gênero na escola, foi inevitável que trouxesse a discussão para a formação da equipe docente a qual trabalho. O primeiro passo foi discutir o conceito de gênero e como esses significados aparecem na escola. Lemos e discutimos alguns textos ao longo do tempo em que trabalho na escola (07 anos). Já demos alguns passos em relação à mudanças: não escrevemos nem falamos no masculino, são sempre alunas e alunos, professores e professoras, mães, pais e responsáveis... Procuramos sempre ter o cuidado de oferecer as mesmas oportunidades à meninas e meninos, intervindo quando isso não ocorre, por exemplo, colocando como obrigatório que a monitoria seja composta por meninas e meninos em número igual em cada classe, entre outras coisas. Mas em 2010 acredito que demos um passo além. Com a chegada das crianças de 06 anos na escola, começamos a estudar e discutir a importância do brincar e de trazer a cultura da infância como relevante para o planejamento de atividades diversas. Nessa discussão, o grupo decidiu comprar brinquedos para as crianças do ciclo I (primeiro ao quinto ano) e ficou decidido que pelo menos duas vezes por semana, cada classe iria brincar. Mas, juntamos o útil ao agradável e discutimos também a importância de desconstruir a dicotomia de gênero que aparece muito fortemente quando o assunto é brinquedo. Então, separamos caixas de bonecas e utensílios domésticos e caixas de carrinhos e bonecos, de modo que um dia da semana todas as crianças da classe deveriam brincar com as bonecas e no outro dia com os carrinhos. Foi um alvoroço. De crianças questionando, buscando explicações e aprendendo a brincar com os/as colegas e de professoras querendo aprender mais sobre relações de gênero para poder intervir.  No início, levamos o segundo ano, fizemos uma roda de conversa (no pátio externo) e expliquei que havíamos comprado brinquedos e que eles/as iriam brincar duas vezes por semana. Todos/as adoraram e ficaram ansiosos/as. Então eu disse que iria pegar as caixas... voltei com as caixas de bonecas e logo ouvi a questão: -“Edna, os meninos não vão brincar? Cadê os brinquedos dos meninos?. Respondi: - “vão sim, todos vão brincar com as bonecas!”... a partir daí, muitos outros questionamentos surgiram. Alguns brincaram logo de cara, outros precisaram de várias conversas até tentar... A experiência tem sido muito boa e tenho certeza de que todos/as estamos aprendendo muito: alunos e alunas, professoras e professores.  Logo, logo, contarei mais sobre essa experiência. Abaixo, segue algumas imagens.






 Espero que essa experiência sirva como uma forma de despertar o interesse pelo assunto e de fazer com que se perceba que não é tarefa tão difícil tentar quebrar paradigmas dominantes, mas que para isso, é preciso estudar, entender, dialogar. A formação de professoras e professores é primordial para que possamos transformar a dura realidade que é a desigualdade de gênero que vemos na sociedade (apesar dos avanços). E a escola é o local onde há espaço para o diálogo e para a contestação, sempre buscando uma sociedade melhor, mais justa e igualitária.

Abraços, Edna Telles.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Alguns pensamentos...

Oi pessoal, se tem algo que eu adoro é ler pensamentos e excertos que me fazem pensar a realidade, questionar, que fazem a gente sair do lugar comum. Compartilho alguns com vocês:


“A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua. Existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência”. (Gandhi)

“Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então, somos companheiros”. (Ernesto Che Guevara)

“O que me surpreende na aplicação de uma educação realmente libertadora é o medo da liberdade”. (Paulo Freire)

“Nenhum povo é dono de seu destino se antes não é dono de sua cultura”. (José Martì)

“Quanto mais estudamos, mais descobrimos nossa ignorância”. (Shelley)

“Os fatos não deixam de existir simplesmente por serem ignorados”. (Aldous Husley)

“Quem elegeu a busca, não pode recusar a travessia”. (Guimarães Rosa)

“Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. (Paulo Freire)

 E então, gostaram? Deixem seus comentários!

Abraço,
Edna Telles

Dicas de livros sobre gênero e escola

Olá pessoal, segue abaixo dicas de livros ótimos que tratam do tema das relações de gênero e escola, são eles:

1) Como se ensina a ser menina: o sexismo na escola
Autora: Montserrat Moreno
Editora da Unicamp

2) Educar meninas e meninos: relações de gênero na escola
Autora: Daniela Auad
Editora contexto

3) Gênero, sexualidade e Educação: uma perspectiva pós-estruturalista
Autora: Guacira Lopes Louro
Editora Vozes

4) Avaliação escolar, gênero e raça
Autora: Marília Pinto de Carvalho
Editora Papirus

Todos eles nos ajudam a pensar a questão no cotidiano da escola. Espero que ajude.
Abraço,
Edna Telles

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Projeto UCA (um computador por aluno)

Olá pessoal, segue link de matéria na Carta Capital sobre o uso dos laptops educacionais na escola pública:
http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/os-laptops-enfim-chegam-a-sala-de-aula

ou clique aqui e acesse.

Edna Telles

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Relações de gênero na escola: intervenções docentes

Um grande amigo meu, o professor Jorge Ferreira Franco, sugeriu que eu escrevesse sobre algumas ações que poderiam ser feitas na escola pela equidade de gênero, já que dedico a estudar esse tema há alguns anos. Achei a ideía excelente e agora publico algumas intervenções que o/a docente poderá incorporar à sua prática. São elas:


·                   Ter a sensibilidade/percepção de encorajar meninas e meninos a não esconder suas capacidades.
·                   Conversar sobre as várias opções de engajamento profissional independente do sexo, questionando estereótipos, mostrando por exemplo, mulheres engenheiras, executivas, cirurgiãs,  motoristas de ônibus, Presidente da República!!! Homens bailarinos, educadores de creche, enfermeiros, entre outros.
·                   Incentivar o desenvolvimento de atividades de liderança tanto em meninos quanto em meninas, intervir na distribuição das tarefas. Na rádio da escola, por exemplo, intervir para que todos/as participem tanto da produção escrita do programa, quanto de toda a parte técnica, de conhecimento dos equipamentos.
·                   Incentivar tanto meninas quanto meninos a desenvolver habilidades para falar em público, expressar suas opiniões (gêneros orais: debates, seminários, etc)
·                   Construir, com exemplos múltiplos, imagens positivas de mulheres e homens (não só de homens): diversificar os modelos, ir além dos paradigmas dominantes
·                   Conversar e aprimorar debates sobre o que é preconceito de gênero (como acontece, onde e como aparece)
·                   Desencorajar qualquer ato de violência (física e simbólica) contra meninas e meninos
·                   Incentivar grupos mistos   X  competições entre meninos e meninas
·                   Não fazer comentários e piadas racistas, sexistas ou que expressem preconceito de classe, etc...
·                   Destacar o sucesso de mulheres e meninas da mesma maneira que de homens e meninos
·                   Incluir nas aulas discussões sobre gênero, poder e sexualidade
·                   Utilizar leituras de textos escritos por mulheres e comentar sua biografia
·                   Incentivar igualmente o envolvimento de meninas e meninos em atividades de ciências e matemática
·                   Não dividir as filas somente em fila de meninos e filas de meninas (propor outras formas)
·                   Misturar meninos e meninas na distribuição dos lugares em sala de aula
·                   Estimular brincadeiras e trabalhos em grupo (diversidade na gestão das atividades), não permitindo “clube do Bolinha” e da “Luluzinha”
·                   Incentivar o cuidado com as pessoas independente do sexo de quem cuida
·                   Conversar a respeito da importância em dividir as tarefas domésticas
·                   Deixar que as crianças brinquem livremente com os brinquedos (sem separar brinquedos de meninas  X  brinquedos de meninos)
·                   Observar como se constroem hierarquias entre as crianças baseadas em preconceitos de classe, raça/etnia, gênero, religião, idade. É uma discussão que precisa ser contínua
·                   Mostrar heroínas mulheres, mulheres negras, etc...
·                   Questionar – junto às alunas e alunos – os modelos que aparecem na mídia (jornais, revistas, TV, etc...)
·                   Desconstruir estereótipos
·                   Estar atenta/o para situações aparentemente corriqueiras (xingamentos, piadinhas, distribuição de jornal na classe)
·                   Escolher livros didáticos que não incentivem o preconceito de gênero (atenção para o conteúdo, linguagem, imagens)
·                   Conversar como grupo de professoras e professores sobre o preconceito de gênero

Essas são apenas algumas sugestões, em breve publicarei uma experiência de intervenção muito interessante a respeito dos brinquedos nas séries iniciais.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Escola: idéias a partir de uma associação livre


Há que se pensar em uma escola que funcione. E o que fazer para uma escola funcionar? A primeira questão é: “funcionar para quê? Depois outras: a serviço de quem? Com quais objetivos? Qual a função da escola? Ai, ai, ai... já viram isso nos cursos de pedagogia, não é? Digo que para uma escola funcionar ela precisa considerar aluno/a como gente, como ser humano que pensa, que sonha, que aprende, que constrói... um ser aprendente... assim como professores/as e funcionários/as... pessoas que estão lá por direito e que essa escola precisa cumprir sua função. E qual é sua função? Transformação? Reprodução? As diferentes teorias estão aí para explicar... aluno/a precisa ser respeitado/a, professor/a precisa ser respeitado/a... o conhecimento precisa estar no ar que a escola respira, no ar que a escola produz... aquele conhecimento que é científico, mas que dialoga com aqueles que os/as alunos/as trazem, que a comunidade traz. A escola “de gente” precisa estar aberta à comunidade, que tem que sentir que a escola é dela. A escola precisa ser um pólo cultural, um lugar onde a desconstrução de estereótipos e de preconceitos estejam na pauta do dia todo dia, e que apareça em atitudes, falas, relações... uma escola assim precisa de uma equipe gestora consciente disso, que fale a mesma língua, que mobilize seu grupo. A escola é a cara da direção, a gente querendo ou não. Essa escola que funciona precisa de um Projeto Político Pedagógico que nasça de uma construção coletiva, do diálogo entre escola e comunidade. O/a aluno/a precisa estar sempre em primeiro lugar, pois é por ele/a que existimos. Aprendi isso (além de outras coisas que irei contando aos poucos) nesses 13 anos de trabalho em escola municipal da prefeitura de SP. Também frequento o mundo acadêmico e o conhecimento que vem dele me ajuda a complexificar mais ainda o que já é tão complexo. Mas o dia-a-dia da escola, confesso, é um mundo de conhecimento, basta estar atento.

Edna Telles

Duvidas...

Não há respostas simples para perguntas complexas...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Desigualdade exclui mais meninas que meninos do mundo digital

Para acessar essa notícia e saber mais, clique aqui.

FASE PRÉ-PILOTO UCA

Para quem gostaria de obter informações sobre o uso dos laptops educacionais de baixo custo do Projeto UCA (Um computador por aluno), não deixe de visitar o site do UCA. Lá estão os resultados da Pesquisa "Preparando para a expansão: lições da experiência piloto brasileira na modalidade um para um". Lá você encontrará cinco experiências de implantação do Projeto, cinco escolas completamente diferentes, a discussão dos problemas e das soluções encontradas, o que deu certo e quais foram as lições aprendidas. Para acessar esse conteúdo clique aqui.

Educação e diversidade

A imagem diz tudo...

domingo, 3 de outubro de 2010

Um poema meu

Realidade

É preciso resgatar a humanidade
Do caos que virou a vida
No contexto liquido capitalista

É preciso entender que conexões
Se fazem sim por amor
Ma é preciso, de antemão
Aprender a manter uma relação
Seja ela de amor
Ou não

Como se faz isso na sociedade do espetáculo?
Do transitório
Da mudança
Do rentável
Do material
Da novidade
Do prazer
Da sedução?

É preciso resgatar a pergunta da educação:
Pra que serve a escola hoje?
Ou seria: há quem serve a escola hoje?

O celular que troco hoje
A amizade que troco amanhã
E quero troco

O resultado?
Decepção
Doença psíquica
Depressão
Mas só para aquela geração
Pra essa, não...

Edna Telles
(escrito em 01/07/2010)

Poema feito após ler o livro de Zygmunt Bauman, “Capitalismo Parasitário”, Zahar, 2010.

Para refletir...

“A temática das relações de gênero numa perspectiva de Educação inclusiva é relevante na educação na medida em que nos ajuda a refletir sobre os diversos e complexos efeitos – nefastos – da produção do insucesso na escola, não necessariamente o insucesso escolar, mas a construção de uma trajetória social não satisfatória que, aliada aos resultados indesejados, pode contribuir, entre outras coisas, para que as crianças tenham uma visão negativa de si mesmas ou vejam prejudicado o desenvolvimento de seu potencial humano”.
(Edna Telles)

“Que nenhum ser humano tenha direito a olhar de cima um outro, a não ser para ajudá-lo a levantar-se” 

(Gabriel García Marquez)

sábado, 2 de outubro de 2010

Você sabe o que é gênero?


Segundo Joan Scott, historiadora social, feminista, norte americana, GÊNERO "é um elemento constitutivo das relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos" e ainda "gênero é uma forma primeira de dar significado às relações de poder". As diferenças entre os sexos são percebidas e a partir dessa percepção cada sociedade cria representações sobre o masculino e o feminino. Essas representações são CONSTRUÍDAS socialmente, historicamente e culturalmente. Muda nas diferentes épocas e culturas e por ser histórica, é passível de transformação. A questão que nos interessa é: como essas representações são construídas? A partir de relações de poder em uma sociedade androcêntrica (o homem como centro do universo) aonde as diferenças entre homens e mulheres são entendidas de forma valorativa. Nesse entendimento, a maioria das características consideradas femininas são julgadas como inferiores, criando uma hieraquização dessas diferenças que, consequentemente, gera desigualdades e opressões.

Porque é importante discutir gênero na escola?
Qual a relação entre a escola e as desigualdades de gênero em nossa sociedade?
Você já presenciou preconceito de gênero na escola e/ou instituição onde você trabalha?

Deixe seu comentário, respondendo à essas questões!

Opinião dos/das leitores/as

A escola que temos promove uma educação inclusiva? Qual sua opinião? Justifique sua resposta. Deixe seu comentário...

EMEF Ernani Silva Bruno

A EMEF Ernani Silva Bruno é a escola municipal de ensino fundamental a qual eu sou coordenadora pedagógica junto à colega Franciele. A escola tem aproximadamente 600 alunos e alunas, funciona em dois turnos e é uma das escolas que participou do Projeto UCA (um computador por aluno) na fase pré-piloto qeu iniciou-se em 2007. A escola recebeu laptops educacionais de baixo custo (modelo XO - OLPC) para utilizá-los introduzindo-os como ferramenta a favor do ensino e aprendizagem. Confira em breve neste blog o trabalho desenvolvido e os resultados alcançados.


Apresentando meu blog

Olá a todas e a todos!
A ideía desse blog é publicar e discutir com o público em geral, mas principalmente com as pessoas interessadas na área de Educação, assuntos relacionados ao tema anunciado: diversidade e também uso das TIC´s na escola. Interessa-me discutir as relações de gênero nas práticas escolares, as questões de ensino de história e cultura afro-brasileira e africana e também os desdobramentos do Projeto UCA (um computador por aluno), que é uma política pública do governo federal. Em breve disponibilizarei aqui maiores informações a respeito. Abraços a todos/as!