Nos dias 12, 13 e 14 de novembro aconteceu o "III Web Currículo: Educação e Mobilidade", na PUC/SP. Foram três dias de muita interação, troca de experiências, relatos de práticas, comunicações de pesquisas e palestras nas várias Mesas redondas sobre o uso de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) na escola. Difícil foi escolher de quais palestras participar.
Compartilho aqui as minhas anotações sobre a Palestra Inaugural, que aconteceu no dia 12 de novembro, com Juan Carlos Tedesco (considerem que são apenas anotações, portanto pode haver quebra de pensamento....mesmo assim, acho que vale a pena conferir!).
Título
da Palestra inaugural: Educação, Tecnologia e Justiça Social na Sociedade
do Conhecimento.
Palestrante:
Prof. Dr. Juan Carlos Tedesco, Director de la sede regional del Instituto
Internacional de Planificación de la Educación en Buenos Aires.
Interlocutor:
Alípio Dias Casali, PUC/SP
O Palestrante Prof. Dr. Juan Carlos Tedesco inicia
dizendo que a história da educação nos últimos anos é a história das reformas.
Para que queremos mudar a Educação? Estamos diante de uma opção ético-política.
Os sentidos da Educação no século XXI precisam estar pautados na construção de
uma sociedade mais justa. É preciso colocar a discussão do uso das tecnologias
nesse contexto.
Disse que há, de forma geral, uma sensação de ceticismo
nas propostas de mudanças. Foram alcançados níveis de avanço interessantes em
alguns aspectos, mas a insatisfação vem em relação aos níveis sociais e origem
das famílias, há um determinismo social que a escola não está conseguindo
mudar. Hoje temos problemas também em outras classes sociais, no sentido de
desenvolver competências. Mudar a Educação é algo muito difícil, é bom
aceitarmos isso para não ficarmos iludidos.
O palestrante diz que na Argentina, as mudanças
curriculares (reformas) chegam apenas até a porta da sala de aula. Mudaram os
currículos nos últimos 20 anos, mas se pegarmos os cadernos de sala de aula,
veremos as mesmas coisas. Ou seja, mudar a Educação não é algo simples.
Descentralizar ou não? Dar autonomia ou não? Os
procedimentos dependem do âmbito político. A ideia de passado está associada ao
que é obsoleto. O futuro está associado à incerteza, crise ambiental, entre
outras coisas. Então, uma cultura que rompe com o passado e onde o futuro é
incerto, tende a concentrar-se no presente. Cultura à curto prazo. Os
educadores ficam em situação de crise, mal estar docente, crise nas escolas.
Ainda há dois extremos: o fundamentalismo e o
individualismo (ideia postulada pelo mercado). Diante desses dois extremos, é
preciso construir uma proposta que prime por uma sociedade mais justa, viver em
comunidade, construir um projeto coletivo.
Hoje, precisamos de uma educação que permita níveis de
solidariedade exigidos pela sociedade. Cita Fernando Pessoa “se o coração
pensasse, ele pararia”.
O palestrante diz que o excluído não é necessário do
ponto de vista produtivo. Nesse sentido, construir sociedades mais justas é o
grande desafio do futuro. A Educação é uma condição necessária para a
construção da justiça social. Cita alguns estudos da CEPAL (Comissão Econômica
para a América Latina e Caribe), criado pelas Nações Unidas.
Diz que hoje faz-se necessária a alfabetização
científica e tecnológica. E salienta que é importante diferenciar o acesso
universal ao domínio das novas tecnologias e as questões pedagógicas no uso
dessas tecnologias. As questões colocadas são diferentes.
Quem não está inserido no mundo digital, fica fora das
informações mais importantes que estão circulando. Há hoje programas de
inclusão digital importantes na América Latina, um exemplo é o projeto “Um
Computador por Aluno” (UCA).
Diz que toda escola deveria ter uma disciplina chamada
Alfabetização digital.
O que significa inclusão digital em termos de
alfabetização? É um assunto complexo onde temos que assumir uma postura
científica. É preciso que trabalho em equipe, interação, cooperação, façam
parte do projeto de uso das tecnologias, à serviço dos Projetos Pedagógicos. É
fundamental discutir o Projeto Político pedagógico no qual são utilizadas as
TIC´s.
Segue a palestra citando algumas pesquisas que considera
importantes na área da neurociência. Diz que as crianças tem tempo de
concentração curto, surfam, artificialmente. Há polêmicas, pois há pesquisas
que apontam que jogos desenvolvem o pensamento complexo. É preciso estar “a
par” dessas pesquisas e suas polêmicas, para que se possa pensar a respeito de
decisões importantes politicamente falando.
Citou Nicolas Negroponte e a sua ong OLPC (one laptop
per child). Disse que é necessário pensar na comercialização, mas a partir das
necessidades sociais. Quais os problemas educacionais que esses laptops estão
resolvendo?
É a tecnologia que tem que se adaptar aos problemas da
escola e não o contrário.
Nesse momento, Juan Carlos Tedesco finaliza sua fala e
em seguida o professor Alípio Casali faz a sua fala destacando iria chamar a
atenção para alguns pontos da fala de Tedesco:
* Tedesco
inicia falando de ceticismo e termina falando sobre o olhar para o futuro.
* O
determinismo social ainda influencia os resultados.
* É
preciso manejo adequado para o uso das tecnologias na Educação (investimentos)
* Formação
de sujeitos da ação social: com ética e visando uma sociedade mais justa, menos
piramidal e mais plana, onde a Educação torna-se indispensável e as tecnologias
entrem como dispositivos pedagógicos adequados para esse projeto.
* É
preciso avançar nas pesquisas educacionais, colocando as TIC´s à disposição do
Projeot Pedagógico e não o contrário.
Tedesco fala:
É preciso articular cultura digital com cultura
científica. Temos muito desenvolvimento tecnológico e pouca cultura científica.
É preciso um olhar interdisciplinar para o uso dessas tecnologias, um olhar
sistêmico e complexo.
E vocês, o que acham?