domingo, 12 de dezembro de 2010

Sobre o processo de escrita...


Pessoal, como esse blog tem como título “Educação, TICs e diversidade”, percebe-se que é extremamente amplo no que diz respeito a conteúdo. Educação pode englobar muitos assuntos, as metodologias de todas as disciplinas, a formação de professores/as, o currículo, entre inúmeros outros. Então, já que o contexto permite, publicarei aqui um texto escrito por mim em 2008, que fala sobre o processo de escrita, sobre o prazer de produzir um texto escrito. Lá vai:

Sobre escrita e dor de barriga

Talvez escrever seja uma forma de viver. E, sinceramente, se vive melhor ao escrever. Pode-se ser o que quiser, sentir o que quiser sem medo do julgamento – essa palavra feia de nosso vocabulário discriminatório.
– Que coisa esdrúxula! Diriam uns.
– Que perda de tempo! Diriam outros.
Tudo gente presa ainda nas amarras do utilitário, do aceitável e rentável.
Escrever não rende – no sentido de renda mesmo, não aquela do enfeite (antes fosse...), mas aquela do dinheiro. Talvez por isso não tenha o valor que deveria. Valor hoje é sinônimo de renda. Tu contas algo hoje e logo vem a pergunta: -- mas  o que ganhas com isso? Qual a vantagem?
Digo-te: escrevendo ganho liberdade, uma alma que não acredito ter em outros momentos. Ganho felicidade – palavra tão rara em nosso vocabulário tão corrido. Ganho vida, vivo. Nasço e permaneço crescendo a cada instante. Posso ser bela, intensa e grande como as cataratas do Iguaçu. Posso ser delicada como uma joaninha andando no dedo de uma criança e fazendo rir. Posso matar a todos que eu quiser sem precisar me desculpar e pagar por isso (e não me aches cruel, todos nós já quisemos matar alguém um dia, mesmo que simbolicamente, mesmo que fosse nós mesmos).Posso transbordar de mim mesma e me presentear com o prazer único que só quem escreve com sangue sabe o que o é. Se ler é adentrar em outros mundos possíveis, escrever é criar mundos possíveis – e impossíveis.
Escrever ainda é uma forma de contra ideologia, é uma resistência, é a expressão de uma revolta. Por isso há coisas que não se publica. Por isso há gente que ainda morre pelo que escreveu ou por ter feito jus ao que escreveu. Só sei que a escrita é algo que está dentro e de repente torna-se tão forte que não se consegue mais deixar lá, aí se escreve.
É como dor de barriga, não tem hora pra chegar. Simples assim. E da mesma forma, depois da  avalanche”, a sensação é muito boa...